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A mostrar mensagens de junho, 2012

"Pensamos sempre que a dor só acontece aos outros, mas quando chega a nós é difícil"

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Este foi o desabado que hoje ouvi da "Joana" (nome fictício), cujo pai, no alto dos seus oitenta e poucos anos se encontra gravemente doente. Um cancro que se espalhou rapidamente tem feito com que ande pelos hospitais em consultas, exames, operação, etc, que todos sabem ser esforços infrutíferos dada a gravidade da situação, mas que ele insiste em realizar, pois não desiste de lutar pela vida. A "Joana" acompanhou-o nestas duas últimas semanas e hoje, regressada ao trabalho, quando lhe perguntei como estava o pai ela respondeu: "Vai andando, já lhe disse que agora tem que viver um dia de cada vez", acrescentado de seguida: "Pensamos sempre que estas coisas só acontecem aos outros, mas quando chega a nós é muito difícil. Estes dias em que acompanhei o meu pai ao hospital vi coisas que me incomodaram muito". A dor e o sofrimento fazem parte da nossa vida, mas temos sempre muita dificuldade em encará-los assim pelo medo que isso nos p

"Mãe, quando saires da cadeia não vais ter a mesma vida"

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Foi com esta frase que o filho mais velho da "Isabel" (nome fictício) a interpelou um dia em relação à vida que levava (fruto de uma vida dura, com uma família destruturada, que a levou a ser colocada muito nova numa instituição para meninas abandonadas a fim de ser "educada para a vida") que a "Isabel", na cadeia a cumprir a pena a que foi condenada, fez desta contrariedade uma oportunidade para ter uma vida mais digna e tem procurado estudar, instruir-se para que, quando sair, possa ter uma vida diferente da que teve até agora, e assim responder ao apelo do filho. A "Isabel" esteve nessa instituição algum tempo e, ainda antes de completar os seus 18 anos, decidiu partir em busca de uma vida melhor, da felicidade a que tem direito mas que a vida ainda não lhe tinha deixado experimentar. Contudo, os caminhos escolhidos e percorridos foram também eles desalinhados, porque a "Isabel" na sua ingenuidade e ilusão próprios da sua jo

"Vou para França, aqui já não posso estar mais"

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A falta de perspectiva de um emprego, de uma vida mais digna e as dificuldades que dia-a-dia muitos dos portugueses sentem para terem uma vida minimamente estável, está a levar muitos ao desespero, à angústia, à falta de Esperança e a abandonar o país por não conseguirem, ou já não serem capazes, de encontrar soluções para poderem viver, senão mesmo sobreviver. É o que um familiar meu vai fazer já a partir de Agosto. "Vou para França, porque aqui não aguento mais, não tenho hipótese nenhuma. Vai-me custar muito, mas tem que ser." A trabalhar na construção civil, sector que está completamente inactivo, teve que encerrar a pequena empresa que tinha, despedir os funcionários e buscar outros caminhos. E de novo "Ei-los que partem, novos e velhos" em busca de um futuro que pretendem que os alivie do peso das dificuldades e lhes permita conseguir algum dinheiro para enviar para a família porque, "aqui já não  aguento mais". É importante poder es

Parabéns, pai!

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O meu pai completaria hoje 85 anos de idade, por isso quero aqui deixar-lhe o meu beijo de parabéns e que a festa lá no céu corra bem. Sim, porque hoje há festa no céu. Música não falta porque o Bernardo Sasseti também celebraria hoje mais um aniversário, depois, a minha mãe faz-lhe aquele bolo de chocolate que ele tanto gosta. A Estelita, a irmã dele, dá aquelas gargalhadas que põem toda a gente a rir, mesmo que não saiba o que se passa, e o meu pai, que passou pelos supermercados lá do sítio, comprou os caramelos para dar a todos os que também completam mais um ano. Como estamos em tempos de crise não se pode dar a todos, pois não, meu pai? Aqui da terra nós participamos também da festa e cantamos os "parabenza" com a Orquesta Sinfónica "Os Constantinos", cujas vozes fazem adormecer (ou abanar?) os anjos dos céus! Parabéns, pai, têmo-lo sempre no coração e hoje lembramo-lo de um modo especial. E para que o conheçam, aqui fica uma foto dele com 5 anos.

Como ser eu mesma?

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"Como ser eu mesmo, como realizar-me? Há quem se preocupe ao ponto de se angustiar. Se o Evangelho sugere ao homem que seja ele mesmo e que faça render os seus próprios dons ao cêntuplo, não é para que se sirva a si mesmo, mas para servir o outro. Sermos nós mesmos segundo o Evangelho é cavar fundo até descobrir o dom insubstituível que está em cada um. Fazer silêncio, retirar-se para o deserto, nem que fosse apenas uma vez na vida, para conhecer esse dom…” Livro “Viver para amar – Palavras escolhidas” Irmão Roger. Reli hoje novamente estas linhas deste livro do Irmão Roger que são para mim fonte de inspiração e me deixaram tão profundamente feliz por virem precisamente ao encontro daquilo que eu busco e, mais do que isso, quero vivenciar, ou seja, para me sentir eu mesma, para me realizar, tenho que seguir o caminho de Jesus, isto é, “cavar” bem o meu interior, fazer silêncio para que possa ter esse encontro tão único, tão indizível com Deus e, ao mesmo tempo, percebe

Olhei pela janela e vi...

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Vi os pássaros a voar , livres, alegres e felizes porque na sua leveza voam até ao infinito, poisam aqui e ali, cantam belas sinfonias com as suas vozes, que nos deixam absolutamente extasiados com tamanha beleza. E no seu esvoaçar e saltitar não se preocupam com o que hão-de comer, nem onde vão dormir. Fiquei a pensar nas aves que cruzam os nossos ceús e na sua capacidade de sobrevivência. Como é possível que sejam tão felizes se não têm "garantia" nenhuma sobre como vai ser o seu dia? E a resposta encontrei-a quando hoje não sabia onde e o que havia de comer porque a hora do almoço ia ser muito curta. Sabia que ia comer, mas não sabia nada. E foi quando me surgiu aquela passagem do evangelho onde Jesus fala precisamente sobre isso, diz assim: "Não vos inquieteis com a vossa vida, nem com o que haveis de comer e vestir. Olhai as aves do céu: Não semeiam nem ceifam, não recolhem nos celeiros e o Pai do celeste alimenta-as. Não valeis vós muito mais do que elas?

Espírito Santo, mistério presente em nós...

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Espírito Santo, mistério presente em nós, a tua voz faz-se ouvir no fundo das nossas esperanças e das nossas penas. Tu dizes-nos: «Abre-te!» (11) Se alguma vez estivermos como que sem palavras, eis que, para orar, bastará uma só palavra.. 11. Marcos 7, 34 Esta pequena meditação da Comunidade de Taizé interpelou-me. "Espírito Santo, mistério presente em nós " e eu pergunto-me: será que temos esta consciência de que o Espírito Santo está mesmo presente em nós e nos sussurra ao ouvido, mansamente, para que com toda a liberdade oiçamos o seu grito de desejo de que Lhe abramos a porta do nosso coração quando nos diz: "Abre-te!" e nos lancemos nos seus braços confiados em que não nos abandonará, que está sempre connosco? Creio que é urgente tornar Jesus vivo nas nossas vidas. Não fazer dEle nenhum ser superior a nós, mas alguém que caminha a nosso lado, que nos ensina a ver este mundo e esta vida a partir das carências dos mais pobres; a partir da dor dos

A minha alma tem sede de ti, Paizinho

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É Paizinho, tem sido assim nos últimos meses. Fome e sede de Ti. O meu coração arde como uma sarça-ardente. A minha alma inquieta e em busca de Ti. Onde Te encontrar? Busco-te longe, fora de mim, mas afinal Tu estás dentro do meu coração. Tão pertinho que nem Te vejo por Te buscar onde sei que não estás. Descubro que, afinal, és Tu em mim que “ardes”, queres que Te abra a porta para poderes entrar e falar comigo, escutar-me. Que privilégio o meu ter-Te como companheiro de viagem! Uma viagem que vem ainda antes de ter nascido e que continuará para sempre, porque Tu és carne e sangue da minha vida, ou seja, deste-te por mim, por todos os Homens. Não quiseste que ninguém fosse excluído. Foi com esse abraço que Tu, Paizinho, nos resgataste, nos ensinaste o que é o AMOR. No caminho que queres percorrer comigo Tu convidas-me ao silêncio e à mudança de coração. No meio do ruído é impossível escutar-Te. Como é enorme a Tua sabedoria, Paizinho! “ Atravessar a própria solidão” é

O meu blog

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Criar um blog é expor-se aos outros. É dar-se um pouco de si mesmo e receber dos outros. É um desafio que nos lançamos a nós mesmos para chegarmos aos que se cruzam no nosso caminho e sermos Fonte de Vida uns para com os outros. Neste espaço procurarei descobrir e partilhar " despertares poéticos de cada estação, nos dias plenos de luz como nas noites de Inverno" . Como nos diz o Irmão Roger: " Vai, caminha, um pé à frente do outro, avança da dúvida em direção à fé e não te preocupes com as impossibilidades. Acende um fogo, utilizando mesmo os espinhos que te fazem mal". Ancorada neste desejo de "ser" para os outros, parto com a Esperança e a Alegria como companheiras de caminho. A todos aqueles que se queiram juntar a mim nesta descoberta mútua digo "Sejam bem-vindos" e que partilhem aqui também um pouco de vós. Por certo que iremos descobrir coisas muito bonitas. Abraço amigo