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A mostrar mensagens de julho, 2012

A imposição das mãos

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Por razões de saúde hoje fui a um médico homeopata e pelo caminho fui a pensar no que talvez me acontecesse na consulta, pois sabia de antemão que o médico trabalha muito com as suas mãos. Ia fisicamente exausta. Já tinha dificuldade em ouvir as pessoas, a música de que tanto gosto e de ser capaz de estar minimamente com alguém, prestando-lhe a atenção e respeito que me merece qualquer pessoa. Para me tratar o médico serviu-se unicamente das suas mãos. Foram o seu instrumento de trabalho. Descontraí, e coloquei-me nas suas mãos. Desprendi-me, e lancei-me na aventura de me deixar embalar por tão simples, mas tão doce e intenso instrumento de trabalho. Foi interessante sentir do que são capazes, e o que procuram transmitir. Com simples e delicados toques em determinados, mas sábios pontos do meu corpo, o médico foi-me passando a sua energia positiva, tornou possível que toda eu me sentisse bem e percebesse as sensações que o meu corpo ia sentindo à medida que eu relaxava e

Em memória da minha Mãe

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O CERCADO De que cor era o meu cinto de missangas, mãe feito pelas tuas mãos e fios do teu cabelo cortado na lua cheia guardado do cacimbo no cesto trançado das coisas da avó Onde está a panela do provérbio, mãe a das três pernas e asa partida que me deste antes das chuvas grandes no dia do noivado De que cor era a minha voz, mãe quando anunciava a manhã junto à cascata e descia devagarinho pelos dias Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera p'ra lá do cercado PAULA TAVARES, in DIZES-ME COISAS AMARGAS COMO OS FRUTOS (Ed. Caminho, 2011)   Aqui fica a minha homenagem à memória da minha mãe, no dia em que faz 2 anos que entrou na Casa do Pai. Sei que está bem e isso é o mais importante. Continua a brilhar em mim a luz da sua estrela, que todos os dias ilumina o céu. Como era tão bonita!  

De que mundo somos?

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Este foi o desafio lançado à Luísa e ao Valentim que durante um ano trocaram os seus olhares para o mundo que nos rodeia, tentando nesse exercício da escrita, mostrar-nos com o seu “ver para além do olhar” o modo como o sentem e vivenciam nos lugares onde vivem e pelos caminhos que percorreram e percorrem a Esperança que abunda nos seus corações e de que são eternos crentes de que ela é sempre possível. E depois de um ano de troca de experiências juntaram um grupo de pessoas para refletir com eles este tema, para que em conjunto fizéssemos uma avaliação e encontrássemos pontos de convergência e nos colocássemos a nós próprios esta questão, no sentido de buscarmos um sentido para as nossas vidas. Foi um dia em que a natureza que nos rodeava nos brindou com sua candura e ternura, e com a sua magia nos “assegurou” o silêncio necessário aos nossos corações para podermos partilhar tranquilamente. E ouvimos coisas muito interessantes que não nos deixaram indiferentes e que, por

O preço do silêncio

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Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho o meu emprego Também não me importei. Agora estão a levar-me Mas já é tarde Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.                                 Bertold Brecht (1898-1956) Li hoje este texto que me deixou inquieta e me fez reflectir pela mensagem que nos transmite e que me parece tão actual hoje, como naquele tempo. Na realidade, perante a dor dos outros, perante o seu sofrimento, as suas circunstâncias tantas vezes duras e difíceis de enfrentar, optamos pelo silêncio vergonhoso e cúmplice pois, como diz o escritor, como aquelas situações não eram as nossas situações, não precisamos de nos importar com elas. Mas quando chega o