Mudança de coração (*)
Entrámos no Ano Novo e, como de
costume, com ele vêm os votos de um Feliz Ano Novo, que tudo corra bem, que não
nos aconteça nada de mal, ou ainda, o desejo de “Ano Novo, vida nova”.
Tenho reflectido sobre isto
nestes dias que são os primeiros deste ano 2013, e pergunto-me a mim mesma o
que fazemos nós destes desejos, que sentido têm para a nossa vida ou, indo um
pouco mais ao fundo da questão, pergunto-me: afinal o que é que muda em mim?
Esta é, para mim, a questão fulcral, porque põe em evidência aquilo que é, deve
ser, o essencial na minha vida.
E de que essencial estou eu a
falar? Apenas na mudança de folha de calendário, ou na mudança de atitude que
me leva à mudança do coração? Aqui está para a mim a essencialidade: mudar o
coração. E esta atitude conduz-me ao meu inquieto interior para tentar perceber
onde é necessária esta transformação.
Começo por perceber que este
desejo de mudança tem que acontecer primeiro, e antes de tudo, no meu interior,
e que isso exige uma seriedade enorme sobre o juízo que faço de mim própria,
aceitando, por um lado, as minhas fragilidades, e por outro, intuindo o que eu preciso
inevitavelmente de mudar.
Mas esta mudança não acontece
verdadeiramente se eu não me deixar envolver pelo Amor de Deus que é Pai, e que
por isso se mostra sempre disponível para o perdão e a ternura com uma
complacência tantas vezes desconcertante, própria de quem caminha com uma filha
pela mão que sabe muitas vezes frágil e insegura, mas com a certeza do caminho
por onde seguir.
Jesus disse a Nicodemos: “Não te
admires por Eu te haver dito: Tendes de nascer de novo. O vento sopra onde
quer; ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim é
todo aquele que nasceu do Espírito”, (Jo. 7-8)
“Tendes de nascer de novo”. Este
é o desafio que ele me lança quando faz nascer em mim este desejo de mudança.
Os meus gestos, as minhas atitudes, as minhas palavras e o meu coração têm que ser
sinal dessa mudança que ele opera em mim. Como diz o poeta:
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
─ Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da
Gama
Um bom ano
para todos.
(*) Texto escrito por mim e publicado no blog Grão de Mostarda "Escutar a Vida"
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