A imposição das mãos

Por razões de saúde hoje fui a um médico homeopata e pelo caminho fui a pensar no que talvez me acontecesse na consulta, pois sabia de antemão que o médico trabalha muito com as suas mãos.

Ia fisicamente exausta. Já tinha dificuldade em ouvir as pessoas, a música de que tanto gosto e de ser capaz de estar minimamente com alguém, prestando-lhe a atenção e respeito que me merece qualquer pessoa.

Para me tratar o médico serviu-se unicamente das suas mãos. Foram o seu instrumento de trabalho. Descontraí, e coloquei-me nas suas mãos. Desprendi-me, e lancei-me na aventura de me deixar embalar por tão simples, mas tão doce e intenso instrumento de trabalho. Foi interessante sentir do que são capazes, e o que procuram transmitir.

Com simples e delicados toques em determinados, mas sábios pontos do meu corpo, o médico foi-me passando a sua energia positiva, tornou possível que toda eu me sentisse bem e percebesse as sensações que o meu corpo ia sentindo à medida que eu relaxava e descontraia. Sentia um intenso formigueiro dentro de mim, que me dizia que aquelas mãos tinham conseguido "libertar-me" de tensões, stress, cansaço, enfim, tantas coisas que carregamos no nosso corpo, que nos impedem de nos sentirmos bem connosco próprios, com os outros e com Deus.

Percebi o porquê de em tantos momentos da nossa vida as mãos serem um dos elementos mais importantes: porque através delas nós passamos aos outros a alegria que nos contagia, o Espírito Santo que nos desassossega, interpela e faz anunciar a Boa Nova aos pobres. Jesus era um homem simples, e como tal, servia-se das coisas simples para comunicar com os Homens. Ele não trouxe o poder nas mãos. Veio de mãos vazias, para que estivesse inteiramente disponível para amar os mais pequenos. E foi assim que nos ensinou o que é o Amor, o que é amar o próximo como a nós mesmos.

Percebi o que é "colocarmo-nos" nas mãos de Deus. Ele dá-nos "colo" quando nos escuta, quando nos ensina o caminho, quando nos mostra a maneira como devemos Amar. É este colo que todos devemos querer e partilhar com os outros. Partilhar com eles a bondade  e as maravilhas que ele opera em cada um. Sentindo-nos assim amados, leva a que outros queiram também partilhá-lo com outros e deste modo o mundo vai-se transformando e torna-se num verdadeiro "colo" para toda a Humanidade.

Sejamos, pois, portadores desse "colo" à Humanidade através das nossas mãos que abraçam, que se abrem, que se entrelaçam, que acolhem.

Para todos e cada um deixo uma mão cheia de ternura serenidade.

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